No post passado, falei sobre as primeiras medidas que podemos tomar para reduzir nossa produção de lixo. Ainda há várias outras sobre as quais quero falar, mas, neste post, vou falar das medidas que podemos tomar quando geramos lixo. O que você está jogando fora pode mesmo ser chamado de lixo? O que fazer com ele? Jogar “fora”? Onde é “fora”?
Nosso lixo de cada dia
Em pesquisa feita pelo Abrelpe e pelo IBGE em 2016, foi revelado que um brasileiro produz, por dia, 1,4 Kg de resíduos! Isso equivale a 214.405 toneladas de resíduo no país por dia. Produzimos vários tipos de resíduos, alguns em maior quantidade que outros. No dia a dia, costumamos descartamos bastante plástico, alumínio, vidro, papel, restos de alimento e óleo. Com uma frequência menor, descartamos também pilhas, baterias, eletroeletrônicos, enfim, uma infinidade de produtos que, quando não nos servem mais, são descartados.
Cada um desses resíduos deve ter uma destinação diferente e, por isso, hoje vou falar sobre os plásticos, metais, vidros e papéis, que estão entre aqueles que mais produzimos e, geralmente, podem ser descartados juntos.
Onde jogar “fora”?
No livro Reciclagem e Desenvolvimento Sustentável no Brasil, do Ricardo Motta, pesquisador que foi meu professor na faculdade, temos as respostas para essa pergunta.
Reciclar consiste em devolver o que já consumimos para a indústria, para que nosso “lixo” possa ser utilizado como matéria prima para produção de outros produtos novamente. Quando destinamos nossos resíduos para a reciclagem, há uma infinidade de benefícios ambientais, sociais e econômicos envolvidos:
- A reciclagem gera diminuição da taxa de utilização dos recursos naturais e, consequentemente, na diminuição dos impactos ambientais associados a sua exploração.
- Ela também impede que os resíduos sejam destinados a aterros, lixões ou poluam as águas (como já mostrei aqui) permanecendo no ambiente por muito tempo. Na tabela abaixo, que tirei daqui, estão os materiais que descartamos diariamente e os períodos que levam para se decompor:
- A reciclagem promove economia no uso das fontes de energia, renováveis ou não, contribuindo para a redução da emissão de gases causadores do Efeito Estufa, como metano e gás carbônico;
- Ela também tem o potencial de induzir aumento da atividade econômica, gerando muitos empregos, promovendo a inclusão social e contribuindo para a diminuição das diferenças sócio-econômicas.
Para onde o “lixo” vai quando não é reciclado?
No livro Reciclagem e Desenvolvimento Sustentável no Brasil, são apresentados os vários tipos de destinos que nosso “lixo” pode ter mas, no Brasil, os destinos mais comuns são, infelizmente, os aterros (sanitário e controlado) e os lixões.
- Lixões: neles, o lixo é despejado sem que o terreno tenha passado por nenhum tipo de preparação para recebê-lo e, por isso, é a forma de “tratamento” que mais gera impactos ambientais e sociais, como poluição do ar, do solo e a das águas subterrâneas, além de contaminação de populações mais vulneráveis.
- Aterros controlados: neles, o lixo não tem contato com animais e pessoas, pois recebe uma cobertura de terra e grama, porém, não há impermeabilização do solo para conter a penetração do chorume (líquido contaminante liberado pelo lixo) no solo e nas águas subterrâneas, nem tecnologias para conter a emissão dos gases produzidos.
- Aterros sanitários: apresentam sistemas de impermeabilização do solo e coleta dos gases poluentes.
Na pesquisa feita pelo Abrelpe e pelo IBGE, foi revelado que, no Brasil, 41,6% do lixo urbano é levado para aterros controlados e lixões. Portanto, muito lixo ainda é tratado de forma inapropriada, mesmo em aterros sanitários, considerados mais adequados. Eles tem vida útil curta, de 30 anos e exigem que grande áreas sejam desmatadas para eles serem construídos. Além disso, muito resíduo que poderia ser reciclado, gerando economia de recursos naturais, emprego e redução da desigualdade social está sendo desperdiçado ao ser levado para lá.
O que fazer com nosso lixo?
De acordo com a pesquisa Ciclosoft 2016, realizada pelo CEMPRE, apenas 18% dos municípios brasileiros operam programas de coleta seletiva. Desses municípios, 81% encontram-se nas regiões Sul e Sudeste. Neles, a maior parte da coleta é feita através de cooperativas de catadores e PEVs (pontos de entrega voluntária) fornecidos pela prefeitura. Apenas 29% dos municípios apresentam coleta porta-a-porta (pelo caminhão “da reciclagem”) e, nem sempre, essa coleta ocorre em todos os bairros.
Se você é atendido pela coleta porta-a-porta em seu bairro ou cidade, você é um dos sortudos. Basta separar seus resíduos recicláveis, acondicioná-los e colocá-los na porta de sua casa nos dias marcados para a coleta seletiva. Essas informações costumam estar disponíveis nos sites das prefeituras.
Para você que, como eu, não tem coleta porta-a-porta em seu bairro ou cidade, eu tenho algumas dicas:
1- Lavar e acondicionar o lixo
Todo o resíduo reciclável que produzo, eu lavo (se necessário) e vou depositando em uma caixa de papelão. Em muitos supermercados, caixas de papelão são disponibilizadas para os clientes para armazenamento das compras, então você pode conferir se isso acontece no supermercado em que você faz compras e aproveitá-las para colocar os recicláveis quando chegar em casa.
Deixar seu resíduo minimamente limpo é muito importante! Primeiro porque, ao acumular o lixo com restos de alimentos e bebidas, por exemplo, esses restos começarão a se decompor e gerar mal cheiro. Além disso, essa decomposição pode estragar os materiais e tornar a reciclagem deles inviável e como, normalmente, resíduos recicláveis precisam ser separados manualmente, lavar embalagens recicláveis é um gesto de consideração com os trabalhadores que irão manusear e separar elas quando forem recolhidas.
2- Como garantir a destinação certa?
Quando a caixa enche, eu procuro entregar para algum catador que esteja em minha rua ou quarteirão próximo quando saio de casa . Nos dias de coleta de lixo comum, eles estão em vários bairros trabalhando e eu acho mais legal entregar o resíduo reciclável para eles limpo e separado para que eles não precisem mexer no restante do lixo. Caso não encontre nenhum catador, eu levo a caixa à um PEV (foto abaixo) perto da minha casa e descarto lá. Os catadores não costumam coletar vidro, portanto eu sempre deixo os vidros acumularem um pouco e descarto no PEV (recipiente verde da foto) .
3 – Investigue seu bairro ou região
Caso você não tenha a disponibilidade de entregar seus resíduos pessoalmente para um catador, mas sabe que eles coletam em seu bairro, você pode separar e lavar o lixo, da mesma forma, e deixar na porta de sua casa em um saco ou caixa separados. Dessa forma, o catador pode recolher seus resíduos recicláveis de forma mais rápida e sem ter contato com o resto do lixo.
Caso você não encontre catadores em sua região, ao sair de casa, você pode observar se encontra PEVs por perto ou ao longo do trajeto que você percorre diariamente. Se você utiliza carro, pode levar seu lixo algum dia da semana, parar rapidamente no PEV e descartá-lo.
4- Busque informações na prefeitura de sua cidade
Caso você queira saber onde encontrar os PEVs mais próximos de sua casa, você pode acessar o site da prefeitura de sua cidade, pois essa informação pode estar lá, assim como listas de bairros atendidos pela coleta seletiva. Inclusive, descobri no site da Prefeitura de Belo Horizonte, que podemos solicitar a implantação da coleta seletiva porta-a-porta em nosso bairro e fiz a solicitação. Talvez exista esse formulário no site da prefeitura de outras cidades também.
Para aqueles que não possuem coleta seletiva de nenhum tipo em sua cidade, a dica é reduzir a produção de lixo sempre que possível, procurar por pessoas que utilizam materiais como garrafas pet e papéis para artesanato…e, quem sabe, iniciar um movimento na cidade exigindo esse tipo de serviço da prefeitura?
Ola Isabella!! Bom dia!! Tb estou aderindo uma vida mais saudavel e sustentavel. Parabéns pela iniciativa e os posts. Minha duvida ainda cai com relacao aos residuos organicos. Estou quetendo ceiar minha gorta suspensa e volovaf estes resíduos pra ajudar como adubos. Mas o que vc me sugere. Tb deixamos de desembalar mais e descascamos mais. Neste caso o que posso fazer com os resíduos.
Abs
Olá Michelle! Muito obrigada pelo apoio ao blog! Fiquei muito feliz com sua pergunta pois, agora a pouco, publiquei o post falando sobre os resíduos orgânicos que produzimos em nossas casas, propondo algumas soluções para o problema. Eu demorei um pouco para escrevê-lo porque precisava comprar um minhocário, que foi a solução que encontrei para minha casa. Lá, expliquei um pouco sobre o funcionamento dele e falei de empresas que trabalham com resíduo orgânico também. Caso você ainda tenha alguma dúvida depois de ler, estou a disposição! Abraços