Óleo vegetal e medicamentos: não jogue eles pelo ralo

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No post passado, falei de alguns tipos de lixo que não descartamos diariamente, como acontece com plásticos e papéis, mas que podem gerar grandes impactos ambientais e devem ser descartados corretamente. No post de hoje, vou falar sobre óleo vegetal e medicamentos. O descarte errado desse tipo de lixo pode causar uma série de problemas, mas a boa notícia é que existe destino certo para eles também!

Óleo Vegetal

No livro Reciclagem e Desenvolvimento Sustentável no Brasil, do Ricardo Motta, é abordada a reciclagem de óleo vegetal. Ele é muito utilizado em nossa alimentação para o tempero de saladas e, principalmente, para a fritura de alimentos. Pouca gente sabe mas, a partir do óleo reciclado, podemos produzir sabão, sabonete, massa de vidro, concreto, tijolos, telhas e biodiesel!

Não jogue o óleo pelo ralo

Quando é descartado nas pias de nossas casas e o esgoto não passa por tratamento, o óleo vai parar nos rios e oceanos. Esse óleo tende a formar uma camada na superfície que impede a oxigenação da água, o que pode matar animais aquáticos. Além disso, apenas 2,5% do óleo consumido é reciclado no Brasil e 1 litro de óleo pode contaminar cerca de 25 mil litros de água, o que dificulta muito o tratamento da água!

Poluição de canal em Balneário Camboriú causada por óleo de cozinha
Foto: poluição de canal em Balneário Camboriú causada por óleo de cozinha em 2009 (Marcos Porto)

Além desses problemas, de acordo com o Instituto Akatu,  quando jogado no lixo comum, esse óleo atinge o solo, impermeabilizando a área e impedindo o escoamento da água.

O que podemos fazer?

A quantidade de óleo reciclado no país ainda é muito baixa porém, existem empresas que realizam a coleta de óleo descartado por outras empresas e residências. Normalmente, elas também fazem parcerias com redes de supermercados e padarias, instalando pontos de descarte voluntários para a população. Em Belo Horizonte, eu já conheço a Recóleo  e a Óleo Verde. Pesquisando outras empresas, descobri a Ong Trevo, em São Paulo. Se você conhece empresas de outras cidades, comente nesse post, por favor!

  • Recóleo: a empresa entrega uma bombona plástica de armazenamento do óleo de fritura usado para clientes que produzem uma grande quantidade de óleo, como hotéis e restaurantes. O veículo da Recóleo visita regularmente os clientes cadastrados, recolhendo as bombonas cheias e deixando outras vazias. Nós, que geramos pouca quantidade, podemos armazenar o óleo em seu recipiente original  e levá-lo a um dos inúmeros ecopontos da empresa.
  • Óleo Verde: o sistema de coleta da Óleo Verde é bem similar ao da Recóleo e, para nós, que geramos pequenas quantidades, existem esses pontos de coleta aqui.
  • Ong Trevo: a empresa disponibiliza bombonas em prédios e condomínios para que os moradores descartem o óleo usado. Também disponibiliza pontos de descarte voluntário para a população em redes de supermercados e padarias.

Medicamentos

De acordo com o Sinitox, o Brasil é o sétimo país do mundo que mais consome medicamentos! Porém, seu descarte não é bem regulamentado e, a cada ano, nós descartamos cerca de 30 mil toneladas de medicamentos na rede de esgoto ou no lixo comum. Todo esse descarte pode gerar uma série de  problemas ambientais e de saúde pública.

Os Brasileiros descartam cerca de 30 mil toneladas de medicamentos por ano na rede de esgoto ou lixo comum
Imagem: os brasileiros descartam cerca de 30 mil toneladas de medicamentos por ano na rede de esgoto ou lixo comum (Alex Silva)

Segundo o Sinitox, eles são compostos por substâncias químicas e seu descarte na rede de esgoto ou lixo comum gera contaminação da água e do solo, além da intoxicação dos animais. Além disso, segundo Fabiana Barbosa, bióloga da Funed, quando liberados no sistema de esgoto, as substâncias químicas dos medicamentos acabam diluídas na água. Essas substâncias dificilmente são eliminadas pelo processo de filtragem do tratamento, retornando para a população, juntamente com a água tratada!

O que podemos fazer?

O Brasil ainda não tem uma lei específica para regulamentar o descarte de medicamentos vencidos por nós, consumidores, mas o Projeto de Lei  PLS 148/2011  pretende incluir os medicamentos no rol fixado na Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Desde 2009, um regulamento da Anvisa possibilita que farmácias  participem de programas voluntários de coleta de resíduos de medicamentos da população. Eu descarto os medicamentos em uma farmácia da rede Droga Raia, mas não são todas as farmácias que têm o ponto de coleta, então é bom conferir antes de levar.

Pesquisando, descobri que a Eurofarma também realiza coleta e podemos checar as lojas com pontos de entrega aqui. No site da Roche, podemos checar o ponto mais próximo de descarte inserindo nosso CEP aqui.

Caso não existam farmácias com essa iniciativa em sua cidade ou região, você pode procurar por informações em hospitais ou postos de saúde. Em Belo Horizonte, os postos de saúde aderiram a iniciativa de coleta e, agora, recebem medicamentos vencidos. Há também o instrumento de busca do Portal eCycle, que eu já mencionei aqui.

Com o descarte adequado de óleo e medicamentos, poupamos milhares de litros de água de serem contaminados e animais (e nós mesmos) de serem intoxicados. Além disso, para evitarmos muito trabalho, podemos até mesmo aproveitar uma ida ao supermercado ou a farmácia para realizarmos esses descartes.

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