Eu já falei aqui dos graves problemas ambientais e sociais que o modelo de Fast Fashion, como trabalho escravo, morte de trabalhadoras e trabalhadores, quantidades enormes de lixo têxtil descartadas todos os anos, poluição de rios e mares, dentre outros. Porém, um novo modelo se consumo, o Slow Fashion, tem se popularizado.

O Slow Fashion
Em contrapartida ao Fast Fashion, o movimento do Slow Fashion surgiu como uma alternativa à produção em massa e propõe que tenhamos mais consciência dos produtos que compramos, estimulando a valorização da maneira como foram produzidos. Dentre seus valores, estão:
1. o reconhecimento dos impactos de nossas escolhas no ambiente e nas pessoas;
2. qualidade sobre quantidade;
3. diversidade ecológica, social e cultural na moda, além de negócios diversificados e inovadores (designers independentes, bazares, brechós…);
4. slow como um desafio à obsessão da moda rápida e homogeneização e falta de diversidade na moda;
5. relação de confiança entre quem cria e quem consome;
6. utilização de materiais e recursos locais, além de valorização de talentos regionais;
7. priorização de design atemporal sobre tendências passageiras;
8. preço das roupas refletindo seu valor real, incorporando o custo dos recursos utilizados e salários justos;
9. compras baseadas em paixões pessoais, personalidade e estilo próprios.
Onde comprar?
As marcas que prezam pelo Slow Fashion estão se tornando cada vez mais populares e, cada vez mais, podemos encontrar roupas, sapatos e acessórios de preços diversificados no mercado, em lojas online ou físicas.

Roupas
Chico Rei: a marca é mineirinha como eu e produz camisetas, meias, canecas, pôsteres, sketchbooks e capas para celular. Além de ser marca local e ter coleções lindas, sua linha de vestuário é vegana (certificada pelo PETA) e, além disso, possuem o selo o selo “Camisetas Mudam o Mundo”, que garante que parte da renda da nossa camiseta foi direcionada a um projeto de impacto social.
Tiê: essa outra marca mineira se preocupa em produzir roupas atemporais, valorizando parceiros que prezam por remuneração justa e condições dignas de trabalho (fair-trade). Suas matérias primas vêm de produtos orgânicos, reciclagem e reaproveitamento.
Amarela Upcycling: investe em peças únicas feitas à mão com tecido de reúso, aplicando upcycling e zero waste (desperdício zero).
Ciclo Upcycling: a marca investe em material de reuso e garimpo para fabricação das roupas.
Máli Máli: essa outra marca mineirinha se preocupa muito com a criação de peças leves e atemporais. As vendas são online e a marca se preocupa até mesmo para que embalagem de entrega seja o mais sustentável possível. No Instagram da Máli Máli, também são dadas várias dicas para cuidado com as roupas (para que elas durem mais), o que também é essencial para uma moda mais sustentável!
Psicotrópica: essa marca, fundada em Florianópolis, investe em produção artesanal e em pequena escala, produzindo roupas incríveis, com estampas únicas e autorais.
Sapatos
Yellow Factory: a marca também produz roupas e acessórios, mas o seu forte são sapatos veganos e feitos á mão.
Vert Shoes: a marca utiliza algodão orgânico e realiza exploração sustentável de borracha nativa amazônica. Não é vegana, por utilizar couro em sua fabricação. Mantém uma política de transparência de seu processo produtivo e matérias primas (compradas de acordo com o princípio do fair trade), como mostrado aqui.
Insecta Shoes: a marca também produz acessórios, mas seu forte é a fabricação de sapatos a partir de peças de roupas usadas de diversos tecidos e estampas, além de garrafas de plástico recicladas. Não utilizam matéria-prima de origem animal.
Urban Flowers: a marca também produz roupas e bolsas, mas seu forte são sapatos veganos vendidos a preços super acessíveis.
Acessórios
Ledice Atelier: a marca produz jóias feitas à mão reaproveitando azulejos. Mantém atemporalidade como conceito chave na fabricação das jóias.
Ateliê do Anel: produz anéis e pingentes a partir de madeira reaproveitada.
Zerezes: a marca fomenta práticas de trabalho e comércio justas através da criação e capacitação de um arranjo produtivo local e investe no reaproveitamento de materiais na fabricação de óculos de sol e de grau.
Preza: a marca de óculos busca valorizar o design brasileiro e a fabricação local por meio de uma política de comércio justo e produção consciente, transformando excedentes industriais em produtos com alto impacto social e baixo impacto ambiental.
Bossapack: a marca de bolsas e mochilas utiliza somente a produção local como forma de geração de renda a comunidades e diminuição do impacto ambiental com o deslocamento de mercadorias pelo planeta. Os produtos são feitos com tecidos 100% reciclados com certificação internacional.
Cooperárvore: é uma cooperativa que produz vários artigos resultantes de um processo coletivo de criação. Reutiliza aparas de cintos de segurança e tecido automotivo na elaboração de produtos, como brindes, artigos de decoração e acessórios como bolsas, carteiras e mochilas!
Jana Favoreto: essa marca se acessórios lindos produz peças inspiradas em formas, arquitetura, arte, ornamentos, fauna, flora e texturas. As peças são fabricadas artesanalmente em alumínio reciclado, mesclado a outros tipos de materiais e cores.
Lingerie:
Tita Co.: a marca foca na sustentabilidade e responsabilidade social. As peças são feitas com algodão orgânico e livres de poluentes.
De tudo um pouco
Também existem lojas físicas e online, focadas no slow fashion, em que podemos comprar um pouco de tudo.
+Alma: é uma plataforma online que reúne marcas nacionais de roupas, calçados e acessórios que oferecem produtos feitos sob os pilares do consumo consciente e ético.
Casa Jardim Secreto: a loja colaborativa, que fica na cidade de São Paulo, vende diversos produtos artesanais de pequenos empreendedores. Lá, são vendidas roupas, acessórios cosméticos e também são oferecidas várias oficinas para o público em geral.
Conhece outras marcas? Deixe o nome dos comentários! Vamos ajudar a popularizá-las!
Sempre que eu quis comprar esse tipo de roupas, assustei-me com os preços. Muito acima do convencional.
Elas são realmente mais caras! Por isso, normalmente, fico com a opção de compras em brechós ou no Enjoei :)